Artigo Pe. Nadai - C. Popular 05/02/2013
5/02/2013
Desde o primeiro momento que tomei conhecimento da tragédia na boate em Santa Maria, fui tomado por sentimentos contraditórios: dor, espanto, compaixão, indignação, desejo de estar lá para ajudar…
Imagino que algo semelhante terá se passado com você também, leitor.
Em seguida fomos bombardeados pelo noticiário, chocados por imagens horríveis e alertados por comentários de toda ordem, sobre o triste e doloroso acontecimento.
Duas reflexões, entretanto, chamaram-me muito a atenção; por isso desejo compartilhá-las com você, acrescentando um pouco mais a partir das minhas.
A primeira leva o título – “Tragédia no RS: o que a morte não cessa de nos dizer” de M.A. Weissheimer (Carta Maior,28/01/2013).
O articulista aponta alguns valores que emergem no caos da tragédia e da fumaça tóxica e letal: a solidariedade que se traduz em apoio e socorro desinteressados e “a celebração da vida e do amor sobre todas as coisas. A vida é mais valiosa que a propriedade, o lucro, os negócios e todas nossas ambições e mesquinharias”. Não se trata de uma fatalidade o que ocorreu em Santa Maria, mas sim de “obra do homem, resultado de escolhas infelizes e decisões criminosas” ou omissões irresponsáveis. Enfim, “a morte nos deixa sem palavras. Mas ela nos diz, insistentemente, é preciso sempre cuidar dos vivos e da vida”.
A segunda reflexão que vai na mesma linha é de Eduardo Paludette, da Pastoral Operária, cujo título é: “Santa Maria: o lucro acima da vida”. Diante da corrida à caça dos culpados o articulista lembra que “a culpa é do lucro acima da vida. Os donos da boate pensaram no dinheiro e não na segurança” assim como também os organizadores da festa. O capitalismo é assim mesmo, o que importa é o lucro acima de tudo até da vida, seja de jovens, crianças ou idosos. Aliás, o Papa Bento XVI em sua mensagem para o dia mundial da paz (1º. de janeiro deste ano) responsabiliza certo capitalismo desregrado como causa, entre outras, de tantos conflitos e sofrimentos em nosso tempo. Assim a vida humana transcorre perigosamente ameaçada, e tantas vezes simplesmente é negada.
A Bíblia, em várias passagens faz referência a um certo deus chamado Moloc ao qual são imoladas e sacrificadas vidas humanas, especialmente a de jovens e crianças. “Construíram lugares altos (templos e altares) a Baal para fazerem passar pelo fogo seus filhos e filhas, em honra de Moloc (Jer 32,35). Mais, “Não entregarás os teus filhos para consagrá-los a Moloc (pelo fogo) para não profanares o nome de teu Deus” (Lv 18,21). Afinal, o nosso Deus, o Deus de nossos pais e de Jesus de Nazaré é o Deus e Senhor da vida e não da morte. A sua glória consiste na vida do homem.
Marina Silva, na Folha de01/02/2013, escreve que o Brasil não tem sido uma “mãe gentil” para seus jovens. O Mapa da violência coloca o Brasil entre os países mais violentos do mundo, cujas primeiras vítimas da lista são jovens e negros.
Logo mais, no dia 13 de fevereiro, 4ª. Feira de cinzas, a Igreja Católica no Brasil lançará a Campanha da Fraternidade, cujo tema é Fraternidade e Juventude, como nunca, oportuna e atual. O objetivo da Campanha é propiciar aos jovens, caminhos na construção de uma sociedade fraterna fundamentada na cultura da vida, da justiça e da paz.
Pe. José Arlindo de Nadai Paróquia Divino Salvador Fevereiro 2013PARÓQUIA DIVINO SALVADOR CAMPINAS | TODOS OS DIREITOS RESERVADOS