“O aspecto do céu sabeis interpretar (chuva, sol, bom tempo) mas os sinais dos tempos, não sois capazes” (Mt 16,1-3).
27/11/2020
Pe. José Arlindo de Nadai
Emérito da Paróquia Divino Salvador
O tempo passa veloz. E nos dias atuais mais ainda. Assim dizem as pessoas.
Esta sensação de velocidade e rapidez, talvez possa ser debitada à agilidade das redes sociais de comunicação, onde tudo é instantâneo: tudo tem que ser já e agora. Por isso as relações acabam sendo fluidas e líquidas! Pequeno atraso na apuração das eleições municipais quase causa uma comoção nacional!
Existe uma cronologia do Tempo – Kronos – que ninguém segura. É fatal. Por um minuto, trancamse os portões, perde-se o vestibular. Lágrimas, decepção.
Todavia, para a pessoa de fé, existe outro tempo – o Kairós – o tempo oportuno, da graça, da bênção, do shalom e do axé! O Kairós ao contrário do Kronos, não pode ser calculado, medido ou contado, pois é absolutamente gratuito.
O Papa Francisco costuma dizer que Deus é surpreendente. Seria isso? Como o vento que sopra onde quer? Cabe-nos assim, estar atentos e vigilantes para discernirmos, sem equívoco, os sinais de Deus, de sua presença e ação na História e em nossas vidas, às vezes tão distraídas.
Lembremo-nos da resposta de Jesus àqueles que pediam um sinal do céu: “O aspecto do céu sabeis interpretar (chuva, sol, bom tempo) mas os sinais dos tempos, não sois capazes” (Mt 16,1-3).
Ora, estamos no início do Ano Litúrgico, na primeira semana do ciclo: Advento-Natal e Epifania do Senhor. É o Kairós, tempo da graça, revelação e manifestação do Senhor na História. “No princípio era o Verbo (a Palavra) e o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,1.14).
O tempo litúrgico é um contínuo “hoje”, no qual a salvação se faz presente e atuante no meio de nós. Está à nossa porta, em nossas mãos. “Eis que venho e faço novas todas as coisas” (Ap 21,5).
Figuras típicas, ícones desse tempo do Natal: Maria, a mãe; José, o pai, que nos interpelam para o acolhimento e o cuidado. Isaías, o profeta, conclama-nos a preparar o caminho do Senhor: derrubar as cercas, destruir os muros, construir pontes, superar a indiferença e estender as mãos. João Batista, aquele que dá testemunho da luz e aponta para o Cordeiro que está no meio de nós, até esbarramos nele e não o reconhecemos por falta de vigilância e discernimento. E o próprio Jesus, Divino Salvador, rosto humano de Deus e rosto divino do homem. Verdadeiro Deus e verdadeiro homem. Aquele que veio, vem e virá.
Por conta da pandemia do coronavirus-19 que não poupa ninguém e nos ameaça a todos, tem-se perguntado, como celebrar o Natal e até se haverá Natal? Ao que responde o Padre Javier Leoz – Espanha.
Não haverá Natal?
Claro que sim!
Mais silencioso e com mais profundidade.
Mais parecido com o primeiro, em que Jesus nasceu em solidão.
Sem muitas luzes na terra, mas com a da estrela de Belém fulgurando trilhas de vida em sua imensidão.
Sem cortejos reais colossais.
Mas com a humildade de sentir-nos pastores e pastorinhos buscando a verdade sem grandes mesas e com amargas ausências, mas com a presença de um Deus que tudo plenifica.
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